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6.12.19

vampire weekend: father of the bride

Eu queria ter escrito sobre o show do Vampire Weekend logo que voltei pra casa, mas aí o meu relato seria unicamente um “MEU DEUS QUE SHOW FODA” porque era a única coisa que minha cabeça conseguia processar. Até hoje, mais de uma semana depois, a única coisa que eu realmente consigo processar é essa. Que show foda.

Mas pra posterioridade, só um “que show foda” não basta.

O Coliseu dos Recreios é um lugar adorável. Cheguei alguns minutinhos antes da porta abrir e mesmo assim consegui ficar na grade (ou logo atrás da menina que tava na grade). Visão desimpedida pro palco o show inteiro não é um luxo que pessoas baixinhas que nem eu tem o tempo todo, então a coisa já começou bem.

A banda de abertura foram os dinamarqueses (e eu espero não estar errando o país escandinavo) Liss, que foram muito bem recebidos - por mim e por todos os outros espectadores.

Mas foi com a chegada do Vampire Weekend no palco que a coisa toda começou. Sem muita conversa, direto pro que interessava. Música. E muita música. Foram quase três horas de show, foram 28 canções. Ezra notou que eles não vinham a Portugal há quase uma década, e que tinham que fazer a espera valer a pena. Fizeram.

Dos pontos altos que anotei no bloco de notas logo que voltei pra casa, às 1h da manhã:

• O globo gigante atrás da bateria, que em algum momento começou a girar (ou girou o tempo todo e eu só notei em algum momento).
• O chão vibrando por causa do som e da galera dançando. O chão literalmente tremendo quando eles tocaram A-Punk.
• A sequencia de Harmony Hall, Diane Young, Cousins e A-Punk, uma atrás da outra. Eu perdi a cabeça em Cousins - foi um momento quase catártico.
• A sequencia de Worship You, Ya Hey e Walcott pra encerrar a noite.
• Os solos e jams durante Sunflower. Meu Deus, eu quero tatuar a versão ao vivo de Sunflower na minha memória.
• O Giacomo, de Nápoles que subiu no palco pra tocar My Mistake no piano. Ezra meio confuso sobre o que fazer, mas decidiu deixar o fã tocar com eles, e parabéns ao Giacomo que deu conta do recado mesmo sem conseguir estar ouvindo nada. Que foda testemunhar um momento desses.
• O baixista, que tava bem na minha frente, não parava de fazer contato visual e ficou rebolando o show inteiro. Thank you, Chris Baio.
• Os globos infláveis gigantes que foram jogados na plateia durante as últimas músicas.
• A galera que cantava até as partes da guitarra na maior empolgação. Falem o que quiserem do público português, mas eles são animados com o bônus de serem educados.

Foi um puta show. Não falo isso a toa, foi o melhor show que eu já fui. Ezra mauricinho, gesticulando enquanto cantava, bebendo água de uma garrafinha esportiva. A música, a energia da banda, a energia do público, as versões extendidas das músicas, as dancinhas. As quase três horas de setlist, culminando em Walcott e todo mundo louco. Quando a banda finalmente foi embora, a gente só se entreolhava, meio que querendo confirmar que tínhamos realmente testemunhado esse momento juntos. E do lado de fora, na porta do Hard Rock, enquanto esperávamos os táxis e os ubers, volta ou outra algum verso da outro de Walcott era cantado com empolgação aleatoriamente e recebido com mais cantoria ou por um sorriso de quem já tava cansado demais pra fazer qualquer coisa além de sorrir.

Walcott, don't you know that it's insane? 
Don't you want to get out of Cape Cod?
Out of Cape Cod tonight?

Se um dia inventarem uma máquina de voltar no tempo, é pra esse momento que eu volto.

26 de Novembro, 2019
Coliseu dos Recreios – Lisboa

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