ressaca eterna sobre faq index

15.12.21

102.

eu preciso aprender a respirar. eu preciso aprender a parar de pensar tanto em possíveis (e muitas vezes improváveis) consequências futuras. eu preciso (re)aprender a não me importar tanto, a (re)ligar o foda-se, a parar de tentar que tudo seja perfeito, sem erros, sem confrontos.

eu tenho direito de viver, e de fazer merda, e de incomodar os outros às vezes.

eu tenho capacidade de lidar com as merdas que talvez aconteçam, talvez não, e se rolar eu lido quando rolar e não antes.

parar de tentar prever tudo. e controlar tudo.
começar a deixar pra ver no que dá.
ser mais segura de mim. se gostar gostou, se não gostar foi mal ae.

ser mais mac demarco e menos nina do black swan.
é isso.

7.11.21

dualidade existencial.

boas notícias:
melhor notícia que poderia receber na vida. ainda incrédula, ainda com medo de um puxão de tapete, mas lentamente me tocando de que é real. vai acontecer. meu novo futuro inteiro pela frente. frio na barriga, but it's going to happen. nenhum beliscão faz a ficha cair. vai virar minha vida completamente de cabeça pra baixo, mas para melhor.

más notícias:
doença. eu que nunca fico doente não sei lidar com problema de saúde, ainda mais um com potencial de se tornar crônico e me incomodar pro resto da vida. cirurgia teria 2~3 meses de recobro, 3 meses que não posso ter por causa da boa notícia (vida acima). momento mais importuno pra surgir impossível. torcendo pelos 79% de chance de não rolar reincidência nos próximos 2 anos. torcendo pra ser aquelas coisas que ficam dormentes pelos próximos 10. rezando pela serenidade de esperar ver no que dá antes da minha ficar projetando cenários e me enchendo de ansiedade lendo histórias horríveis online. que sera sera. torcendo para não virar minha vida completamente de cabeça pra baixo, mas para pior.

Dear God, era pedir muito receber a boa notícia que estava esperando há meses sem a notícia ruim inesperada?

20.9.21

good riddance.

Lembrete mental. Nunca mais fingir que acredita nas historinhas mirabolantes de gente que finge ter cento e um problemas mentais. Porque gente que finge ter cento e um problemas mentais tem problema mental sim, só não os que eles fingem ter. Misturinha intragável de mitomania com Münchausen by Internet.

Com uma dose de amnesia e falta de contato com a realidade talvez, da pessoa esquecer que você cursou psicologia ou achar que você não vai reparar n'a pseudologia fantástica nossa de cada dia dele.

Vai com Deus.

efêmero.

me toquei que é muito provável que um dia o youtube deixará de existir, e 10, 15, 20 anos de vídeos vão um dia desaparecer para sempre.

como aconteceu com o geocites. como tá acontecendo com o photobucket.

que sensação esquisita. de que um dia eu não vou poder revisitar o passado.
que um dia ele vai simplesmente... não existir mais.

14.9.21

9/11

Foi aniversário de 20 anos do 11 de Setembro essa semana. Eu sei que escrevi sobre o 11 de Setembro em algum lugar, mas não sei se foi aqui.

É esquisito que tenham se passado 20 anos, duas décadas, 2/3 da minha vida, e eu lembre daquela manhã de Setembro como se fosse ontem. Cada detalhe, cada palavra trocada, cada cena da televisão. Eu não lembro de nada do que aconteceu depois, eu só lembro daquele momento.

De estar tomando café da manhã na sala com meus pais, na casa do Vivendas. Do meu pai recebendo um telefonema da mãe dele. "O quê? Um avião nas Torres Gêmeas? Atentado terrorista?" Eu não sei se eu sequer sabia o que "atentado terrorista" significava antes daquele dia, se eu já tinha ouvido essa palavra alguma vez na vida, mas me marcou. Corremos todos pro quarto dos meus pais no andar de cima, subindo a escada caracol de metal preto.

A torre, fumaça, o buraco. A esperança de ter sido só um avião que errou o caminho e acertou a torre. A confusão, a dúvida, a incerteza no ar. Ninguém sabia o que estava acontecendo ou como aquilo aconteceu. Nem a gente, nem os repórteres. Era uma torre pegando fogo, era fumaça densa. E coisas caindo. "São pessoas?" minha mãe perguntou. E meu pai respondeu na hora "não, é papel, é papel voando." Mais coisas caindo. "Não! São pessoas! São pessoas... meu Deus". E silêncio. Porque ninguém sabia o que dizer, ninguém sabia o que sentir, ninguém sabia processar o que estava vendo.

E um avião acerta a torre. É replay? E aí a confirmação do repórter de que um segundo avião atingiu a segunda torre, ao vivo. A imagem afasta e mostra agora as duas torres, pegando fogo, fumaça densa. O choque. Mãos cobrindo bocas, mãos na cabeça, olhos vidrados na tela. Confirmação de que foi proposital. Atentado terrorista. Mais pessoas pulando pra própria morte.

A queda da primeira torre. Foi engolida por si mesma. Uma implosão. Eu lembro da minha mãe, ou algum repórter, ter comentado que as torres foram feitas pra implodir ao invés de explodir caso algo assim acontecesse. Eu lembro de ouvir que as torres foram feitas pra resistir ao impacto de um Boeing, mas foram acertadas por um modelo mais pesado ou mais recente. Eu lembro de pensar que louco que alguém construiu as torres pensando nessa possibilidade. E aí a segunda torre caiu também.

Eu não lembro de mais nada depois disso, depois das duas torres terem desaparecido, de só terem sobrado escombros. Eu lembro de não ir pra escola nos próximos dias. De ouvir sobre os outros aviões que foram sequestrados, o atentado ao Pentágono . Eu lembro da incerteza do que ia acontecer depois disso. Do medo geral. Do Bush anunciando a guerra, de terem começado o broadcast antes da hora e ainda estarem penteando o cabelo dele, no ar.

2/3 da minha vida foram vividos pós 11 de Setembro e é difícil às vezes lembrar como eram as coisas antes daquele dia.

23.2.21

anedotas de uma pandemia #3

É 2021 e a pandemia continua. Me sinto ficando mais louca a cada dia. Sonhei que estava abraçando uma amiga e acordei sozinha, acabei chorando de solidão.

Eu, introvertida, loner assumidíssima, chorando de solidão.

Chega um ponto que a gente só quer contato humano. Poder ver um sorriso que não esteja por de trás de uma máscara. Caminhar no sol sem medo. Eu não aguento mais ficar trancada nos mesmo 50m² porque o ser humano não foi feito pra isso. Espero não estar regredindo mentalmente, mas em tempos de isolamento social não dá nem pra se cobrar muito.

Que começo de década... mais fodido.