ressaca eterna sobre faq index

13.12.19

the national: i'm easy to find

(Esse texto incoerente foi escrito às 1h e pouca da manhã assim que cheguei em casa. Pensei até em editar, mas mudei de ideia porque às vezes a gente tem que ser incoerente e retardada mesmo.)

A gente chega em casa do show do The National e quer tomar banho por causa do suor e de estar encharcada de vinho branco porque Matt Berninger resolveu jogar vinho em você.

A gente chega em casa, mas não quer tomar o tal banho porque recebeu um abraço do Matt no começo do show, e encostou nele umas outras três vezes, e depois ele se jogou em cima de você pra cantar Terrible Love. A menina ao meu lado, que também ganhou abraços e um Matt Berninger bastante alcoolizado em cima dela tava aos prantos. Eu não consegui chorar. Eu só olhava pro Matt e sorria.

Segunda fileira da grade de novo. Apertada pra fazer xixi antes do show começar (desculpa o TMI). Não queria perder meu lugar, mas pedi pras umas meninas atrás de mim se elas podiam guardar pra mim, e não é que quando voltei elas me deixaram passar?

Segunda fileira da grade, eu tô ficando mal acostumada.

A acústica do show foi horrível, ou talvez tenha sido efeito colateral de estar tão perto das caixas de som. O show do Vampire Weekend foi melhor, admito, mas o The National foi uma experiência pessoal incrível.

Matt tropeçando pelo palco. Subindo em coisas, caindo de coisas, interagindo fisicamente com a plateia o show inteiro. Me deu um abraço. Eu dei um abraço. Encostei nele, segurei no braço dele, ele ali em carne e o osso e fedendo a vinho e olhando nos olhos de todo mundo.

Eu voltei no show nesse exato minuto e tô escrevendo aqui sem muito filtro. The National foi uma banda importantíssima pra mim e ainda é. Ter um momento assim com um artista que significa tanto pra você é uma coisa boba, mas incrível. Aaron também tava na minha frente, e quanto o Matt sumia no meio da plateia, mas longe de mim, era pra ele que eu olhava fascinada.

Matt cantou Terrible Love com a cara dele pertinho da minha enquanto tentava se equilibrar. Eu não sei o que dizer, eu não acredito que isso aconteceu.

Durante Light Years o público espontaneamente acendeu o flash do celular e foi um momento lindo que eu só reparei quando o Matt parou e chorou, e eu olhei pra trás. "I am okay, I am okay".

Teve muito choro. De todo mundo. Último show deles do ano.

Tocaram Looking for Astronauts, que eles não tocavam há mais de cinco anos, porque o Matt não parava de fazer umas piadas de pai sobre uns astronautas com quem ele supostamente tava falando numa ligação no Skype antes do show. Se é verdade ou só alguma história de bêbado eu não sei.

Durante About Today, Matt jogou um copo na minha direção. Confesso que passei a mão no rosto e lambi os dedos pra saber o que era. Vinho branco. Voltei com um copo dele pra casa. Um desses copos vermelhos que artista tá sempre bebendo no palco. É muito maior do que eu imaginava, o que explica o nível de álcool no sangue deles, e de um plástico muito mais grosso e pesado.

A garota do meu lado ganhou a garrafa de vinho pelo metade. Sortuda pra caramba. Eu me contento com o copo. E com o show. E de ter encostado no Matt, e dele ter cantando Terrible Love (que por mais clichê que seja é minha música favorita deles) em cima de mim... literalmente. Ele cantou Terrible Love enquanto eu apoiava ele, segurando no braço dele. De novo eu não sei nem como descrever.

Eu não chorei no show, mas agora que cheguei em casa eu quero chorar. Eu abracei o Matt, Matt me abraçou, eu ganhei um copo estúpido de plástico, e eu quero chorar porque foi perfeito.

Se eu quiser apagar isso amanhã pra editar e postar algo mais coerente e menos idiota, eu espero que eu não me deixe. Seja idiota, seja emotiva, registra o que você tá sentindo agora sem pensar muito nisso.

Eu só queria abraçar todo mundo que tava ali comigo.

12 de Dezembro, 2019
Campo Pequeno – Lisboa

6.12.19

vampire weekend: father of the bride

Eu queria ter escrito sobre o show do Vampire Weekend logo que voltei pra casa, mas aí o meu relato seria unicamente um “MEU DEUS QUE SHOW FODA” porque era a única coisa que minha cabeça conseguia processar. Até hoje, mais de uma semana depois, a única coisa que eu realmente consigo processar é essa. Que show foda.

Mas pra posterioridade, só um “que show foda” não basta.

O Coliseu dos Recreios é um lugar adorável. Cheguei alguns minutinhos antes da porta abrir e mesmo assim consegui ficar na grade (ou logo atrás da menina que tava na grade). Visão desimpedida pro palco o show inteiro não é um luxo que pessoas baixinhas que nem eu tem o tempo todo, então a coisa já começou bem.

A banda de abertura foram os dinamarqueses (e eu espero não estar errando o país escandinavo) Liss, que foram muito bem recebidos - por mim e por todos os outros espectadores.

Mas foi com a chegada do Vampire Weekend no palco que a coisa toda começou. Sem muita conversa, direto pro que interessava. Música. E muita música. Foram quase três horas de show, foram 28 canções. Ezra notou que eles não vinham a Portugal há quase uma década, e que tinham que fazer a espera valer a pena. Fizeram.

Dos pontos altos que anotei no bloco de notas logo que voltei pra casa, às 1h da manhã:

• O globo gigante atrás da bateria, que em algum momento começou a girar (ou girou o tempo todo e eu só notei em algum momento).
• O chão vibrando por causa do som e da galera dançando. O chão literalmente tremendo quando eles tocaram A-Punk.
• A sequencia de Harmony Hall, Diane Young, Cousins e A-Punk, uma atrás da outra. Eu perdi a cabeça em Cousins - foi um momento quase catártico.
• A sequencia de Worship You, Ya Hey e Walcott pra encerrar a noite.
• Os solos e jams durante Sunflower. Meu Deus, eu quero tatuar a versão ao vivo de Sunflower na minha memória.
• O Giacomo, de Nápoles que subiu no palco pra tocar My Mistake no piano. Ezra meio confuso sobre o que fazer, mas decidiu deixar o fã tocar com eles, e parabéns ao Giacomo que deu conta do recado mesmo sem conseguir estar ouvindo nada. Que foda testemunhar um momento desses.
• O baixista, que tava bem na minha frente, não parava de fazer contato visual e ficou rebolando o show inteiro. Thank you, Chris Baio.
• Os globos infláveis gigantes que foram jogados na plateia durante as últimas músicas.
• A galera que cantava até as partes da guitarra na maior empolgação. Falem o que quiserem do público português, mas eles são animados com o bônus de serem educados.

Foi um puta show. Não falo isso a toa, foi o melhor show que eu já fui. Ezra mauricinho, gesticulando enquanto cantava, bebendo água de uma garrafinha esportiva. A música, a energia da banda, a energia do público, as versões extendidas das músicas, as dancinhas. As quase três horas de setlist, culminando em Walcott e todo mundo louco. Quando a banda finalmente foi embora, a gente só se entreolhava, meio que querendo confirmar que tínhamos realmente testemunhado esse momento juntos. E do lado de fora, na porta do Hard Rock, enquanto esperávamos os táxis e os ubers, volta ou outra algum verso da outro de Walcott era cantado com empolgação aleatoriamente e recebido com mais cantoria ou por um sorriso de quem já tava cansado demais pra fazer qualquer coisa além de sorrir.

Walcott, don't you know that it's insane? 
Don't you want to get out of Cape Cod?
Out of Cape Cod tonight?

Se um dia inventarem uma máquina de voltar no tempo, é pra esse momento que eu volto.

26 de Novembro, 2019
Coliseu dos Recreios – Lisboa

19.9.19

espero que os vizinhos apreciem a trilha sonora.

que fique registrado que o primeiro disco que ouvi no novo toca-discos foi Funeral do Arcade Fire.

em outras notas:
• show do vampire weekend em novembro
• show do the national em dezembro
• talvez bon iver pro meu aniversário

15.5.19

já pode enfiar a cabeça num buraco?

hoje foi dia de passar vergonha. entre os inúmeros momentos, destaco:
ter sido entrevistada por umas meninas francesas.
ter dado de cara na barra de ferro do autocarro.
ter escrito uma palavra muito errada num email.
chegar na aula de alemão sem saber porra nenhuma.
um rapaz tendo que me segurar no autocarro pra eu não cair numa freada brusca.

26.4.19

mumford & sons: delta tour

Eu nem sei por onde eu começo a descrever o show do Mumford & Sons porque eu honestamente sinto que qualquer tentativa de descrever ou imortalizar as memórias através de palavras não seria suficiente.

O palco do Delta Tour é montado no meio da arena. Isso significa que os 4 cantos do palco são explorados. Mesmo chegando com pouca antecedência, consegui garantir meu cantinho bem lá na frente, na lateral, ao lado de uma linha vermelha no chão que marcava a área da passagem do crew até o palco e que deveria ser mantida desimpedida. Pra minha sorte, isso significou visão limpa para o palco.

Nenhum empurra-empurra e muito bom humor. A banda de abertura, Gang of Youths empolgou a plateia. Teve dança, gente pulando, aplausos e uma boa recepção mesmo que – assumo – a maioria ali não os conhecesse. Na última música o vocalista abriu a alma falando sobre uma tentativa de suicídio, desceu do palco cantando e passou bem do meu lado. Euzinha, claro, não resisti de esticar a mão para receber um high five.

A espera para o Mumford & Sons depois do show de abertura foi bem longa. Talvez pela logística do palco central. Tinham hipsters barbudos, aka crew members passando de um lado pro outro. Outra coisa legal do palco central foi poder dar uma olhada nos bastidores. A mesa de controle das luzes e áudio estava bem na minha frente, e diversas vezes durante o show eu vi a banda pedindo discretamente para aumentar ou abaixar o som de alguma coisa.

O show em si foi coisa de outro mundo. Uma atmosfera intimista e ao mesmo tempo um espetáculo. Difícil descrever. Nem a acústica bem ruinzinha do Altice Arena conseguiu atrapalhar. Umas três músicas depois, o holandês ou escandinavo alto que estava na minha frente perguntou se eu queria passar para um cantinho bem lá na grade. Aceitei, é claro, e além de visão desimpedida para o palco, fiquei também pertinho do Marcus Mumford. Que puta experiência mágica.

Quando o show terminou, agradeci mais uma vez ao holandês/escandinavo e fui embora de pernas bambas junto com a multidão até a estação do metro. Cheguei em casa com meus ouvidos ainda tinindo e um sorriso no rosto. Já procurando qual o próximo show que eu posso ir.

25 de Abril, 2019
Altice Arena – Lisboa

25.4.19

panda bear: buoys

Dia de chuva, porque às vezes o destino apronta dessas. O ingresso já estava comprado desde o começo desse ano, acho eu. Assim que vi a chance de poder ver Panda Bear ao vivo pela modéstia quantia de 8 euros, não perdi tempo.

Nunca tinha ido ao Culturgest de Lisboa. Para resumir o local em uma palavra: wow. Cheguei em cima da hora porque this is my design, pisando em poça d’água e encontrando uma galera na porta que não era exatamente o que eu estava esperando. Gente alternativa sim, claro, mas a maioria das pessoas sendo gente mais velha. E “gringos”. Europe, I guess.

O local por dentro é ainda mais lindo do que por fora. O show foi no Auditório Principal, um palco, poltronas vermelhas, teto decorado. As portas abriram exatamente às 21h. O pessoal foi se sentando com educação, embora eu tenha descoberto o saco que é ter que levantar de dois em dois segundos porque as fileiras são extremamente estreitas e eu estava sentada justamente na ponta. Poltrona O-18, para a posterioridade.

As luzes se apagaram, o público se calou rapidamente e pasmem guardou o celular no bolso/bolsa e não tirou de lá até o final do show. Considerando que o último show que eu fui no Brasil foi uma experiência desastrosa graças a galera mal educada e bracinhos pro alto querendo filmar o show ao invés de assistir, considero-me positivamente surpreendida.

Noah Lennox, aka Panda Bear, subiu ao palco sob aplausos, de t-shirt e calça jeans. Tímido, soltou um thanks for coming guys bem fofinho, foi até sua mesa e direto ao assunto. Auxiliado apenas por uma máquina de fumaça, uma tela gigante atrás de si e duas telas menores em sua volta, que passaram o show inteiro mostrando imagens desconexas, psicodélicas e bizarramente... bizarras.

Só na segunda música que fui entender o porquê dos diversos avisos de que o show usava luzes estroboscópicas no caminho até o auditório.

Admito que durante alguns minutos eu fiquei imaginando o azar que seria descobrir que tenho epilepsia no meio de um show do Panda Bear. Luz piscando, fumaça, barulho, e vídeos doidos. Se alguma certeza surgiu desse show foi de que certamente eu não tenho epilepsia.

Das músicas, confesso que só reconheci mesmo Comfy em Nautica e Dolphins, mas o fato não prejudicou em nada minha apreciação do show. Admito que foi mais uma experiência sensorial do que meramente auditiva.

Uma hora e meia depois, Noah se despediu com um “obrigado” igualmente tímido (me pergunto o quanto de português ele sabe falar a essa altura, considerando que mora em Lisboa já há mais de uma década) e fugiu do palco.

Sem perder muito tempo, fui a busca da paragem de autocarro para voltar para casa e absorver a experiência.

Hoje a noite tem show do Mumford & Sons. Porque pelo jeito todo artista que eu gosto resolveu vir para Lisboa ao mesmo tempo. Fazer o quê?

24 de Abril, 2019
Culturgest – Lisboa

1.3.19

sobre saudades ortográficas.

me acostumei a ausência de acento em ideia
e com o hífen que veio dividir o micro-ondas
mas ainda sinto falta do trema

freqüente, eloqüente, bilíngüe

6.2.19

85.

a mente livre para voltar a pensar (em tudo)
a mente livre para voltar a ouvir (radiohead, the national e modest mouse)
a mente livre para voltar a assistir (um milhão de filmes e documentários)